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EXPOSIÇÕES

Cadeiras, janelas e raios de sol

Abertura
20 abril 11 às 16h

Até 15 junho
terça a sexta 11 às 18h sábado 11 às 15h

Espaço Fundação Stickel
Rua Nova Cidade 195 Vila Olímpia São Paulo SP 04547 070

Danilo Blanco

Obras

Imprensa

Folder

Danilo Blanco apresenta a sua nova exposição no Espaço Fundação Stickel, com curadoria de Rubens Fernandes Júnior. CADEIRAS, JANELAS E RAIOS DE SOL é concebida a partir de um pilar indispensável para o artista: a construção de uma arte coletiva, experienciada em suas atividades como educador social e como pesquisador. O conjunto de cadeiras expostas surgiu de uma ideia de Danilo ao observar artesãos que circulam pelas ruas e praças do centro de São Paulo. Com o objetivo de valorizar o trabalho desses artistas anônimos, ele encomendou a construção das peças, a partir de um simples briefing: faça uma cadeira. Individualmente, cada uma das peças se apresenta de maneira distinta, mostrando o potencial criativo despertado pelo pedido do artista, que não interferiu no processo e nem limitou os artesãos. As cadeirinhas foram construídas com formas, traços e materiais diferentes, transformando este simples objeto do cotidiano em arte.

Assim, Danilo idealizou mais uma ação colaborativa, como já fez em outras parcerias com a Fundação Stickel na construção dos murais públicos oriundos das nossas oficinas de marchetaria, instalados nos terminais Palmeiras – Barra Funda e Vila Nova Cachoeirinha. A marchetaria, por sinal, é a principal linguagem do artista e ele traz, paralelamente e de forma complementar às cadeiras, novos trabalhos com seus desenhos geométricos e abstratos, além das peças de um dominó gigante que ocuparão a parede do espaço expositivo.

A exposição CADEIRAS, JANELAS E RAIOS DE SOL reforça, ainda, a atuação do artista como educador social. Durante a mostra, serão realizados sete educativos de marchetaria, para cerca de 140 alunos de escolas públicas. O resultado estará em um novo mural instalado na fachada da Fundação Stickel em dezembro, quando a instituição completa 70 anos.

Curadoria
Rubens Fernandes Junior

Direção e Expografia
Fernando Stickel

Montagem
Marco Antonio Ribeiro da Silva

Pintura
Manoel Alves Pereira

Redes Sociais
Anderson Cintra

Imprensa
Ana d’Arce

Site
Miguel Dendasck

Comunicação Visual
Criart

Fotos
Lucas Cruz

Coordenação e Produção
Miriam Miranda Costa
Igor Damianof

Projeto Gráfico Folder
Fernando Stickel
Igor Damianof

Impressão
Maistype

Danilo Blanco é artista, designer de superfície e educador social. Trabalha com marchetaria, uma arte milenar que exige o domínio de um léxico específico, ou seja, um amplo repertório de materiais e ferramental próprio.

Ao longo de sua trajetória, Danilo trabalhou muito para dar visibilidade à sua arte, já que muitos o identificavam como um artesão. Não que isso o incomodasse, ele nunca confundiu as palavras e seus significados. Afinal, artista e artesão têm a mesma raiz – a palavra que vem do latim ars, que corresponde ao termo grego techne. Em sentido estrito, ofício, ciência. A palavra techne está relacionada a tudo que se refere à transmissão do conhecimento e, muitas vezes, associada à beleza.

Com a sabedoria de um oriental, Danilo articulou sua produção artística em sintonia com suas atividades na área da educação e na sua relação cotidiana com os amigos artesãos. Essas conexões alimentam sua alma e criam uma espécie de armadura para enfrentar os diferentes comentários sobre sua versatilidade diante dos mesmos materiais – as finas e delicadas lâminas de madeira, de múltiplas cores e texturas.

Em relação às cadeiras aqui expostas, Danilo buscou trabalhar e valorizar o trabalho desses artesãos. A partir de uma breve instrução, apenas a palavra cadeira – ele encomendou dos artesãos que circulam pela Praça da República, próxima do seu ateliê, e da Avenida Paulista, esse conjunto aqui apresentado. É interessante observar que o objeto foi construído em diversos materiais e com formas distintas. Quando penso em “cadeira”, em qual “cadeira”, você que nos lê, está pensando? Provavelmente, ela está aqui representada.

Indiscutivelmente, identificamos muitos talentos nessas cadeiras idealizadas pelos “artistas de rua”, tipos identificados socialmente como “feios, sujos e malvados”, uma referência explícita ao título do memorável filme do diretor italiano Ettore Scola, de 1976.

Danilo identificou nas cadeirinhas mais uma ação educativa e colaborativa, atitude que atravessa seu trabalho cotidiano e incrementa sua ação criativa. Olhar para as cadeirinhas sem conhecimento prévio, sem filtros sociais e culturais é uma experiência estética inominável. Elas trazem tantos detalhes interessantes, curvas insinuantes e modelos dissonantes que somados à perfeita estabilidade dos quatro elementos sustentáveis (os pés), por alguns instantes, desafiam nossa percepção.

A simples e potente ideia de Danilo criou um conjunto de design que atiça nosso olhar, centrado na visualidade ardilosa e excessiva das tecnologias de produção e distribuição de imagens. Ao mostrar as “cadeiras” ao lado de suas “janelas”, ele propõe um diálogo baseado no choque – as cadeirinhas, de imediata decodificação, diante de formas abstratas que requerem muito mais atenção.
Os trabalhos se complementam e se nutrem da experiência do educador que busca compartilhar seu conhecimento e provocar a imaginação de todos – os que produziram as cadeirinhas e nós, meros espectadores dessa experiência de ação libertária do conhecimento.

Sua arte é desenvolvida em diferentes formas de expressão – desenho, criação de objetos, pequenas esculturas, fotografia, entre outras – mas é na marchetaria que Danilo encontrou uma linguagem mais potente para expressar suas experimentações visuais. Ao olhar seu trabalho, de refinado equilíbrio técnico e estético, é quase impossível não associá-lo a outras visualidades. Sua obra tem sintaxe própria, mas é possível aproximá-lo com a arte indígena, os grafismos da Bauhaus, as estruturas de Mondrian e até mesmo do concretismo. Nessas fronteiras é que está sua singularidade.

Para esta exposição, Cadeiras, Janelas e Raios de Sol, criou novos trabalhos que denotam sua versatilidade na arte da marchetaria. Ao mesmo tempo que temos peças regulares e precisas – quadrado, retângulo, círculo e triângulo –, encontramos obras mais abertas, cujos limites expandem o ato criativo e permitem ao espectador participar mais ativamente, com as diferentes possibilidades direcionais. Afora as peças de um dominó “gigante” que instigam nossa imaginação e promovem o acaso de um jogo sem adversário.

Mas sua atividade artística só tem sentido quando associada à sua atuação como educador social, experiência que se repete ao longo de sua carreira em comunidades periféricas, escolas públicas, com os artistas de rua, e hoje também em instituições como a Fundação Stickel, ocasião em que busca valorizar a criação estética espontânea associada com a intervenção social, articuladas pela paixão e pelo afeto que tem pelo trabalho colaborativo, estimulando a capacidade de criação, mas principalmente, valorizando o trabalho manual e a disciplina.

Danilo lembra que tudo está alinhado em três pilares: processos colaborativos em arte, ofício da marchetaria na linguagem contemporânea e intercâmbio de conhecimentos, e ressalta: “as vivências foram enriquecedoras e mais do que ensinar, busco aprender com os artistas de rua”.

Danilo Blanco ao buscar a associação de peças com cores, texturas e nervuras diferentes, cria uma marchetaria de padrões estéticos abstratos que revelam sua inquietação diante da vida. Mais recentemente, tem incorporado a impressão em silk screen trazendo novas visualidades e criando efeitos visuais provocativos e matizes instigantes. Um conjunto que propõe um mergulho numa visualidade gráfica desconcertante.

Rubens Fernandes Junior
curador e pesquisador

Artista plástico, designer de superfície e educador social independente, Danilo transita na fronteira onde arte e cultura artesanal se cruzam, com trajetória que teve início nos anos 1990.

Processos colaborativos em arte, marchetaria na linguagem contemporânea e intercâmbio de conhecimentos são pilares que sustentam os projetos que Danilo vem desenvolvendo. Essas ações incluem parcerias com reconhecidas organizações como Porto Seguro Social e Ambiental, Lar das Crianças da CIP, Fundação Japão, Instituto Tomie Ohtake, Fundação Stickel, Sesc, Senac e Sebrae.

No circuito comercial foi representado pela Monica Filgueiras Galeria de Arte de 1990 a 2010, e a partir deste período vem participando de mostras individuais e coletivas com destaque para instituições como Sesc SP, Senac SP, Memorial da América Latina, Museu da Casa Brasileira SP, A CASA – museu do objeto brasileiro SP, Museu de Arte Brasileira – FAAP, Pinacoteca do Estado SP, Instituto Cervantes SP e IRCAD América Latina, entre outros.