FACES
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Livio Tragtenberg
Vincent Rosenblatt
Rio Night Fever
Desde 2005 o fotógrafo francês, radicado no Rio de Janeiro, Vincent Rosenblatt, que é branco, vem dedicando centenas de noites insones a mergulhar nos bailes, no sensual, energético corpo-a-corpo do povo funkeiro, eminentemente preto. Demorou um bom tempo até merecer respeito, o reconhecimento pela montagem de um acervo único: o retrato de uma parcela da juventude carioca que têm na dança, no ritmo pesado e nas letras cruas, o antídoto sadio contra a extraordinária pressão que sofrem.
Atraído pelos tremores graves que ecoavam em Santa Teresa, repercutindo na boca do estômago de quem vive pelos arredores, e pelo ímpeto dos versos que desde sempre desmentem o mito da convivência cordial, Vincent foi chegando e tomando pé nas novas noites cariocas. Os DJs, MCs e bondes de dançarinos abduziram-no para mais e mais bailes, especialmente os das favelas e subúrbios dos quais eram crias. Protagonistas do funk compartilharam com ele a responsabilidade e também o perigo de se produzir imagens em locais visados por uma imprensa hostil e pela violência governamental.
O funk interessa ao artista especialmente quando ultrapassa as fronteiras, quando amplia os limites do que temos direito de expressar. Seja guerreiro, político ou sexual, ele trabalha na ponta extrema do espectro da liberdade de expressão. Vincent diz que isso tem a ver com a essência da fotografia, que busca sempre ampliar o espectro do “domínio do visível”. Afinal, o que nos permitimos fotografar? Onde nos permitimos reconhecer a beleza do mundo?
Adolfo Montejo Navas
Antologia Poética
Aos poucos foram sabendo da sua poesia. Da sua surpreendente qualidade, do modo como se espraiava pela poesia visual, articulando literatura com desenho e pintura. E com objetos. Bem, começou a ficar complicado enquadrar o Adolfo Montejo Navas. Até porque da crítica passou à curadoria, realizando exposições antológicas. E delas, quando se viu, passou a expor com os artistas curados por ele, por exemplo Paulo Bruscky e Vladimir Dias Pino. A lista é grande. Sem abandonar nenhuma de suas atividades, encontrou espaço para escrever e publicar, numa velocidade de fazer seus conhecidos se encolherem de medo, caprichadas edições quase artesanais de seus livros.